terça-feira, 23 de outubro de 2007

Foi Assim Que Tudo Começou...


A convite da turma do Voz Plena, resolvi dar minha contribuição e relatar um pouco do dia-a-dia de uma arara. Uma arara comum como eu. Com suas inseguranças e fragilidades.

Nasci de pais psicóticos. Minha mãe, uma histérica com traços bipolares e meu pai, obsessivo compulsivo em último grau, me abasteceram com toda a bagagem emocional, tão necessária para um ser adoravelmente instável como eu: uma psicótica-maníaca-paranóico-persecutória.

Foi depois de muita terapia de grupo, meditação e repetição de mantras sagrados que decidi equilibrar minha loucura. A saída? Perturbar a paz desses adoráveis seres humanos chamados cantores. Afinal, alguém como eu jamais viveria como um simples psitacídeo, vivendo como uma ave medíocre, limitada a meros "vôos" e "curupacos". Foi aí que começou minha saga.

Toda a minha atividade tem se manifestado principalmente na mente desses artistas,
minhas vítimas prediletas, principalmente quando estão no palco . Pouso no ombro esquerdo destes pobres mortais e fico sussurrando as mais cruéis atrocidades ao pé do ouvido: "Você vai esquecer a letra!". "Seu ridículo, desiste logo desta carreira". "Você não vê que isso não vai dar certo?". "Desafinado!!! Vai fazer um concurso público e para de cantar!". "Você vai errar de novo aquelas notas", "Olha, aquela nota aguda tá chegando, tá chegando, tá chegando!", "Ihhh, aquele registro que você sempre quebra"... e assim por diante.

Devo confessar que esta atividade me causa um profundo prazer. Minha vingança é sórdida, eu sei, mas, é decorrente de toda a minha desestrutura pessoal e familiar, entenda. Por isso, dá um desconto e procure me compreender um pouquinho, né? (Hehehe).

Mas eu não paro aí...
tenho muitas estórias para contar do tempo em que tenho passado, pulando pelos ombros dos cantores (pobres cantores) que preferem me dar ouvidos e aos meus devaneios, ignorando a sua própria auto-confiança, em situações como espetáculos (estréias são as minhas preferidas), ensaios e até mesmo "simples" aulas de canto. Além do mais, estou certa de que você vai se identificar com a maioria das situações que vou relatar aqui em meus posts. Pode ser, inclusive, que você me conheça muito melhor do que imagina - de outros "carnavais".

Uma coisa, porém, me deixa um pouco triste: as pessoas, depois de me conhecerem e às minhas loucuras e insanidades, acabam por não me darem muita confiança. Isso me deixa um pouco chateada sim, mas, fazer o quê? Tenho asas é prá voar e, quando sou ignorada assim, logo alço vôo pro ombro de um outro cantor e a história continua... quem sabe o próximo é você?

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O Dia em Que a Arara Nasceu...

Este é o dia em que a Arara nasceu.

A Arara é a materialização do nosso censor crítico. Algo que pode se tornar nosso aliado ou nosso arqui-inimigo. A própria Arara, agora representada pelo seu som característico: "Curupaco", contará sua história nos próximos dias... não perca!